domingo, 14 de agosto de 2011

Zaza

Amou como o primeiro sorriso
amou como o primeiro abraço apertado
junto do primeiro beijo apaixonado
amou como o primeiro orgasmo e a primeira chupada
Sempre achou que morreria sozinho,
hoje, ama a ideia de ter alguém.

Belê Belô

Corou ao vê-la passar mais uma vez
mais um sorriso
mais um romance
mais um amor
esse era o verso que sempre quis
que agora tem
pra uma vida de tanta dor

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Tragadas de Realidade: Parte 1

Acordou como em mais uma manhã comum, sente sua dor de cabeça perto da insanidade, mas não se sente mal, pelo contrario, sabe que todo dia é igual a outro que estar por vir, e que sua historia é entediante o suficiente para não ser contada por ninguém.

Nunca gostou de expectativas, talvez por isso tenha saído de casa na primeira oportunidade viável

- Esses dois aí esperam que eu tenha o que nunca tiveram.

Não se importava com casa, carro, nem dinheiro no banco, para ele apenas uma garrafa de whisky e uma carteira de camel já lhe bastavam. Chegava do trabalho cujo odiava tudo, menos seu salário, encontrava seu apartamento quarto e sala da mesma maneira que deixou de manhã, não confiava em empregados, e procurava alguma garrafa espalhada pela casa. Bebia pra ver uma realidade mais tragável, onde os homens fossem mais humanos e as mulheres menos vulgares.

Não se considerava depressivo. Ser depressivo é coisa pra gente rica, pensava. Considerava-se mais um observador, um homem do espaço que veio estudar a raça humana e seus inúmeros defeitos, um boêmio inveterado cuja sua única função era perceber e lamentar-se. Sempre gostou de sua varanda no oitavo andar, se sentia seguro e poderoso com seu cigarro, onde cada tragada era um sinal de fumaça de seu novo líder, que ostentava seu poder no alto de sua torre intransponível. Nunca chegou a conhecer realmente seus vizinhos.

- Sorrisos frios e tapas nas costas são o mesmo de sexo pago, nível mínimo de intimidade e altamente ético.

Gostava de imaginar o que essas pessoas faziam, nas suas vidas, profissões, na intimidade. Hoje em dia qualquer homem de maleta é doutor, pensava.

Os momentos que seus cigarros se esgotavam eram sem dúvida os mais penosos. Nunca gostou muito de caminhar, muito menos de ter que falar com as pessoas, achava que suas vidas poderiam ser mais entediantes e sem sentido que a sua, e de certa forma se sentia superior elas, pobres pessoas que não enxergam a realidade, que vivem de pão e circo, que com suas míseras vidas buscam maneiras de suportar a mediocridade cotidiana. Sentia-se mal por esses pensamentos,

- Um homem não deve criar estereótipos, estou parecendo um ‘‘deles’’.

‘‘Eles’’ ainda não se sabe quem são ainda, mas com certeza descobrirá um dia no auge ou no declínio de sua vida sem expectativas.

Seu nome é Vinicius, e não sabia muito bem onde estava, ou onde iria chegar, preferia não pensar em futuro, é melhor ter uma surpresa que uma decepção. Faltava-lhe confiança, nunca se achou atraente ou persuasivo, talvez por suas péssimas histórias de amor, ou por falta de convicção que aflige aqueles que pensam demais. Não era alto nem baixo, gordo nem magro, o cúmulo da normalidade física, e da excentricidade pessoal. Sempre se escondeu atrás de seus volumosos cabelos cacheados, gostava deles, e principalmente da imagem misteriosa que lhe proporcionava, combinada com seus vícios. Que me matem no dia que usar cabelo curto com camisa pólo, imaginava.

Tinha poucos amigos, não por repudiar a amizade, mas sim as pessoas. Gostava de ir para a praia com eles, Fábio e Bruno, especialmente em dias nublados e vazios. Conversavam durante horas sobre mulheres, ideologias e futebol, não necessariamente nessa ordem, e sempre no final admitia que cerveja combinava com praia. Durante uma dessas tardes Bruno os convidou para a despedida de uma amiga sua, que iria fazer intercambio na frança, os outros aceitaram numa boa,

- Bebida de graça empolga qualquer alcoólatra - falavam.

Tragadas de Realidade: Parte 2

Chegando a tal despedida, Vinicius se sentiu confortável, usava sua camisa xadrez vermelha, a que usava em aniversários, casamentos e feriados, era umas das poucas que levantava sua alto estima. Gostava de festas pequenas, pouca gente e álcool em abundancia, certamente era onde se sentia confortável. Por sua timidez, não tomou a iniciativa de conhecer ninguém novo, muito menos a viajante. Procurou um bom lugar para acender seu Camel, não gostava de incomodar as pessoas com seu vicio. Quando encontrou o seu canto ideal, teve uma visão nada agradável: era Raul, jovem que se estranhava desde seus 14 anos, que roubara dois de três relacionamentos sérios, não suportava ver sua arrogância e inteligência limitada, nunca entendeu o que as mulheres que o trocaram por Raul pensavam, achava que nunca iria entender as pessoas. Acendeu seu cigarro tranquilamente e encostou na primeira pilastra que avistou, seus amigos estavam com seus respectivos grupos, achava tudo aquilo muito superficial.

Raul conversava com uma bela garota, talvez a mais bonita que via há algum tempo. Como bom observador, notou a garota não estava interessada pela conversa e que seria um pouco mais feliz com menos infantilidade ao seu redor. Esse é o meu momento, pensou. Não se sabe qual a motivação da cena que se segue, por uma paixão repentina, ou por um sentimento de vingança e raiva, só se sabe que atitudes emocionais podem dar muito certo ou muito errado, nunca no meio termo. Vinicius se aproximou devagar e confiante, abriu um sorriso, talvez sua maior qualidade, e abraçou sua nova ‘‘paixão’’, que relutou por um instante, mas com a possibilidade de se livrar de Raul incorporou o personagem.

- Oi amor, por que demorou tanto?

- Tive que parar para comprar cigarro, você sabe como eu odeio essas pessoas que ficam me pedindo.

Seu oponente se retirou, sem entender nada, ou a interpretação foi realmente boa, ou era realmente lerdo, o que importa é que o primeiro passo tinha sido um sucesso, e que sua imensa barreira de timidez e insegurança tinha sido quebrada graças a um sorriso gentil.

Diante da situação, sua única reação foi a da gargalhada, talvez por nervosismo ou por achar a situação cômica, o fato é que não parava de sorrir.

- Você nunca para de rir?! – perguntou a garota

- Isso raramente acontece comigo, acho que sua presença realmente afeta meu jeito – disse Vinicius apreensivo com a reação que viria.

Depois de alguns segundos de profundo silêncio, ela se manifesta

- Você não vai perguntar o meu nome? – perguntou correspondendo seus tantos sorrisos com outro.

Um sentimento quente firmou no coração de Vinicius, sabia que tinha nascido alguma coisa boa dali, que seus dias entediantes não seriam mais assim, que sua falta de expectativa seria finalmente recompensada, que sua vida tinha mudado naquele instante, por destino ou acaso, por sorte ou futuro azar.

Segurou a mão amorosa com carinho, e disse que seu nome era Vinicius. A menina respondeu à investida pedindo para chamá-la de Bela, que era como seus amigos à chamavam. E dessa maneira começaram a conversar sobre os mais diversos assuntos que não se conversa quando se conhece, falavam sobre seus pais, sobre como queriam seus filhos, sobre como seria seu parceiro ideal, sobre a maneira que gostavam de olhar nos olhos de alguém e ver uma verdade, e sobre como deve ser se apaixonar de novo. Sabiam que algo acontecia entre eles e em nenhum momento alguém pensou em sair.

Bela era sem dúvida linda, cabelo curto chegando aos ombros, escuro e liso, e uma estatura no máximo mediana, mas depois que a conhecesse perceberia que sua personalidade fazia parecer uma mulher alta. Era tímida, mas nem por isso deixava de conversar e mostrar o que pensava, era firme e madura, mas ao mesmo tempo gentil e carinhosa. A maneira como arrumava sua franja era de longe a cena mais espetacular que já vira.

Vinicius começa a olhar fixamente para os olhos de Bela, sente uma vontade gigantesca de um beijo, ou qualquer demonstração de afeto. Aproxima-se de maneira sutil e mais uma vez segura a sua mão, entrelaçando seus dedos com os dela, sentia-se bem no momento. O momento do beijo tinha chegado.

- Acho que não agüento mais olhar pra você sem te dar um beijo – não soube bem se falou ou pensou, e se aproximou ainda mais de sua face.

Bela se ficou na ponta dos pés, e em um movimento demorado, deu um beijo no rosto de Vinicius, aquele momento durara uma eternidade de prazer nos dois, e falou:

- Tenho que ir, caso contrario vou perder o vôo.

E foi, deixando Vinicius com o coração mais uma vez amargurado, e se sentindo mais uma vez um covarde por não ter beijado um prematuro amor. Finalmente ele começou a entender o estava acontecendo, a tal amiga de Bruno era Bela, e o destino mais uma vez deu uma rasteira em um rapaz que não acreditava nele.

Vinicius pegou a primeira garrafa de Whisky que viu, e começou a afastar a dor com álcool. É o que os homens fazem, seu pai dizia. Acendeu mais uma vez seu cigarro, e percebeu como sua vida era sem sentindo, não sabia o que lhe aguardava o futuro mas com certeza não seria nada demais.

De longe, via Bela se despedindo dos outros, se sentiu importante pois sabia que ela passou grande parte de sua despedida com ele, e que talvez ela não achasse nada daquilo tão importante assim. Desviou seu olhar para seu copo de whisky, o único amigo que te conforta e te mata ao mesmo tempo, e quando levantou seus olhos, está bela a 2 metros de distância, e um salto da o beijo mais espetacular que já presenciou, era calmo e ardente, era suave e apaixonado, era uma explosão de sentimentos em apenas um ato. Após o beijo, bela sussurrou em seu ouvido:

- Te vejo daqui um ano.

E saiu levando suas malas numa mistura de felicidade e tristeza. Sabia que veria Vinicius mais uma vez.

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

CRUZES

cruza seus braços em um momento triste
suas lembranças já não querem mais serem lembradas
seu sofrimento já não vale mais tanto a pena assim
só se deseja descansar

dá sua cara à tapa em face da vida
seus grandes feitos vão ficar na memória
e a sinceridade de quem um dia já chorou
já não deseja mais ser ouvida

mostra seu último feixe de vida
seu último carnaval, a festa um dia termina
por isso que sua retirada deve ser triunfal
não com um drama, mas sim com uma comédia.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Único poema de amor


mostrou-me o certo e o errado
fez da vida mais que um leve achado
buscava me fazer sorrir
das maneiras mais tristes possíveis

jovens não sabem o que sentir
eles dão o coração todo de uma vez
pensam que essa é sua ultima paixão
e o resto de sua vida não passa de mera ilusão

concerta este coração enfermo
que não busca mais o amor
mas sim o carinho
que rejeita a intimidade
buscando um leve gesto passional

as grandes alegrias diminuíram subitamente
meu coração que era tão pulsante
começou a sofrer de uma arritmia desgostosa
e agora o que restou são nossos planos inacabados
nossa vida que passaríamos juntos, apenas nos nossos sonhos

sim, dei meu coração
mas não mais o farei
o alugarei sobre contrato de danos
que se minha alma se sentir solitária mais um vez
novos inquilinos serão bem aceitos

devolva este pobre coração
para que meus dias não sejam mais tão cinzas
para que minha alma descanse
e meu coração sorria novamente

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Olhos Negros

Já me disseram que tinha
olhos tristes, olhos profundos,
olhos negros, olhos de mundo

olhos de saudade,
que não são tristes por convicção
são desgostosos por enxergarem
mais a alma que a razão

a ignorância sempre me deixou triste
ignorância gratuita
e para quem é de interesse
rica e fortuita

crucificam meus olhos profundos
mas dessa maneira eles ficam recuados de um foco cintilante
abrem seus ângulos
para uma verdade mais cortante.